PRA QUE A PRESSA?

FALTA DE EDUCAÇÃO PELA MANHÃ, É DOSE!
Numa manhã ensolarada de uma quarta-feira pandêmica, às 08:00 h, aguardando ser atendido na empresa de internet para pagar o serviço prestado.
De repente surge à porta uma pessoa bem mais jovem do que eu e esbraveja: “Já tá funcionando isso aí?”. Sem ao menos um bom dia!
As atendentes tinham acabado de chegar e estavam iniciando os computadores para o atendimento. Uma delas solicitou que aguardasse que tudo estaria no ar em poucos segundos e já começaria a atender.
OS MEUS DOZE ANOS
COMO ERA PAGAR AS CONTAS NO BANCO
Como você pode imaginar, a cena foi de muita má educação. De certa forma esse fato me fez recordar quando eu tinha uns doze anos de idade – o que já faz algum tempo – e que eu tinha que ir aos bancos da cidade para pagar as contas de telefone, energia elétrica, água, carnês de lojas, curso de inglês, colégio… .
Os bancos não eram automatizados, não havia caixas-eletrônicos para autoatendimento e muito menos internet ou celular. Se caso esquecesse um carnê de pagamento em casa ou uma das contas de luz, água ou telefone, sem essa de: “Manda pelo Zap!”.
Tinha que voltar em casa. Perdia o lugar na fila do banco que vivia lotado e não havia fila única. Cada caixa tinha sua fila e… aí o bicho pegava. Tinha caixa que fazia de tudo para a fila não andar.
Frequentemente chegava a vez daquele despachante que abria uma bolsa e dali saía tanto papel que parecia que o cara tinha corrido todas as latas de lixo de escritórios de contabilidade que havia na cidade. Só ele ocupava um caixa pelo resto da tarde.
Quando isso acontecia o murmúrio na agência era uníssono: “Oh!”.
PASSATEMPO NA AGÊNCIA
Ademais, há a pressa “responsável”, cumprir um compromisso fora desta obrigação da conta a ser paga. Mas cito, sem dúvida, a pressa que resulta da falta de educação.
Embora, no meu caso, meu trabalho era estudar e, de certa forma, não precisava me preocupar com o tempo para o atendimento.
Acredite ou não, passava duas a três horas de pé na fila esperando minha vez. Creio que isso me ajudou no meu exercício de paciência.
Eu não estou brincando! O tempo que eu passava dentro de uma agência bancária, eu lia todos os cartazes das propagandas daquele banco e mais ainda, contava todas as letras e espaços dos textos contidos neles!
“A rapidez, que é uma virtude, gera um vício, que é a pressa.” (Gregório Marañón)
Pensávamos que a tecnologia pudesse reduzir o tempo dos serviços a serem realizados e nos dariam mais tempo de liberdade!
Sim, a tecnologia nos proporcionou, com a otimização de trabalhos e processos que há quarenta anos não existia, o imediatismo.
Em qualquer autoatendimento hoje, se uma máquina para, a reclamação começa. As maledicências surgem e junto vem a ansiedade e a impaciência. A educação desaparece e por fim o estresse que, se não causa um infarto, leva a depressão, a irritabilidade sem motivos e outras sensações destrutivas que são frutos de um novo vício moderno: a pressa!
E o mal educado do início? Não demorou muito a ser atendido porque rapidamente fiz meu pagamento e sem pressa saí do estabelecimento de volta pra casa.
Espero que ele tenha resolvido sua situação como eu fiz, com rapidez mas, sem pressa!